DUPLA PANDEMIA: COVID-19 E SUAS DESINFORMAÇÕES

Um dos maiores desafios para as políticas públicas, especialmente no contexto da saúde pública, é a disseminação de notícias falsas. Para exemplificar, a pandemia da Covid-19 demonstrou como a desinformação pode prejudicar a confiança do corpo social nas medidas de prevenção, como as vacinas, colocando em risco o controle de doenças infecciosas. As fake News, frequentemente disseminadas por meio das redes sociais, geraram consideráveis confusões, bem como alimentaram temores infundados, o que tornou mais difícil combater problemas de saúde pública, como a hesitação vacinal. Durante a pandemia, foi amplamente divulgada a desinformação sobre as vacinas, isto é, a alegação de efeitos negativos – como a alteração genética e a infertilidade – principalmente por grupos contrários à vacina. Tal questão, resultou em uma crescente resistência à vacinação, impactando principalmente pais de crianças e pessoas em grupos mais vulneráveis. A desinformação, por sua vez, embora tenha influenciado a hesitação vacinal, de fato não foi a única razão, visto que as preocupações legítimas das pessoas também desempenharam um papel significativo. Portanto, faz-se necessário que o combate à desinformação vá além da desqualificação de notícias falsas, de modo a considerar os medos reais da população. Além disso, a desinformação não é apenas um reflexo de ignorância, mas também de interesses financeiros e políticos, como evidenciado no caso da promoção de tratamentos ineficazes para a Covid-19, como a cloroquina. Alguns grupos e empresas, buscando obter vantagens financeiras com o desespero social, aproveitam-se da falta de conhecimento para comercializar produtos ou ideias sem comprovação científica. A desinformação pode ter um forte apelo emocional, influenciando as crenças e identidades das pessoas, o que torna seu combate ainda mais desafiador. Depreende-se, portanto, que os prejuízos causados pela disseminação de notícias falsas ou modificadas negativamente, especialmente na saúde, exigem uma resposta coordenada. É essencial a correção e investigação de informações equivocadas, bem como um investimento significativo em educação científica. Dessa maneira, será possível fortalecer a confiança da população nas instituições científicas e assegurar a eficácia das políticas públicas de saúde, protegendo a sociedade de doenças e riscos futuros.

Jaiane Junges; Mirella Araújo Silva ; Rafaela Danielsson Pavéglio; Taís Sandrine Fischer de Souza - Acadêmicas do Curso de Direito

Dr. Mário José Puhl - Docente do Curso de Direito Faculdades Integradas Machado de Assis/FEMA